> Gazeta de Cuiabá, 24/06/2009 - Cuiabá MT
JOSÉ MEDEIROS Nossos métodos de ensino são constantemente discutidos por educadores, pesquisadores e autoridades. Isso gera novas propostas e formatos como as mudanças pensadas recentemente para o ensino médio, que buscam contemplar uma educação mais conectada e menos decoreba, mais próxima da realidade do dia-a-dia. Entretanto, decoreba não deve ser confundida com memorização compreensiva.
Não são poucos os estudiosos que apontam a ausência de estímulo à curiosidade como um dos principais entraves do ensino brasileiro. Quando Richard Feynman, prêmio Nobel, esteve no Brasil, deu uma importante lição sobre a desconexão e a ausência de estímulo no ensino de Física em nosso País. Ao dar uma aula sobre o tema, Feynman iniciou a palestra lendo um trecho de um livro de Física bastante utilizado nas escolas brasileiras, em que dizia: “A triboluminescência é a propriedade que certas substâncias possuem de emitir luz sob atrito...” E continuou, mostrando, como nosso método privilegia “a coisa pronta”, em lugar da curiosidade, entendimento e compreensão por parte do aluno. Segundo esse acadêmico, em outros países esse mesmo tema seria abordado de forma completamente diferente. Segundo ele, um professor americano, por exemplo, diria: “Durante o jantar, pegue um torrão de açúcar e coloque-o no congelador. Acorde às 3 horas da manhã, pegue o torrão de açúcar e o amasse com um alicate e então você verá um clarão azul. Isso se chama triboluminescência”.
Sem traçar uma correlação entre o assunto estudado e o cotidiano, entre muitos outros fatores, estamos fadados a formar profissionais, que num futuro não muito distante, nem ao menos lembrarão de ter escutado algo sobre certos temas trabalhados em sala de aula. Agindo assim, perdemos a oportunidade de formar uma geração apta a abrir os compartimentos dos setores a que se dedicarem. Os alunos de hoje não são os mesmos de ontem, dizem muitos docentes: são desatentos, agressivos e desobedientes. A velocidade das mudanças dos últimos trinta anos, na comunicação, nas diversas tecnologias, mudou o comportamento dos alunos. Isso exige do mestre uma mudança de atitude, um ensinamento bem apresentado e envolvente. Educação lida com o futuro. Estamos formando uma geração que estará na prática do mundo do trabalho e nos postos de mando, nos próximos vinte a trinta anos. Não temos bola de cristal para imaginar o futuro. Fala-se na era das incertezas. O filósofo alemão Immanuel Kant já predizia: “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pelo número de incertezas que ele é capaz de suportar”.
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